Carolina
pequeno parêntesis XXXII
às vezes és-me pouco mais que ignóbil e é nessas alturas que eu não quero querer ter vontade de te ouvir respirar, porque já se sabe que lágrimas com sabor a ferrugem não auguram nada de bom. mas tenho sempre. tenho sempre vontade porque no fundo és a minha derme e é-me impossível arrancar-te sem que arranque algo mais simultâneamente. a minha forma de estar é a tua forma de matar e o meu abdómen já está tão furado que creio que nem seja inútil que procures um novo alguém de quem possas gostar de quase gostar tanto, um novo alguém que possas perfurar. eu agora só quero afogar o meu cérebro e esperar pelo próximo anoitecer, ou esperar que amanhã eu nasça um novo alguém, para tu matares as vezes que te apetecer.