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já morreste tantas vezes que nos quiseram inverter os papeis

Imagina que os ouvidos te sangram e tu dizes já só pensar em morrer. Não há medicação e mesmo que  houvesse, não a aceitarias - antes sufocar no fundo de uma banheira de água morna! Dizem-te que "a morte não se diz, engole-se"; mas quando a infecção já nos ensurdeceu, as mensagens não chegam ao cérebro. E eu que o diga.
Berras com dores e quase que enlouqueces. "Nunca ninguém se sentiu como tu". Ah, se a dor fosse transmissível...!
E depois não sabes se queres recuperar o que já é ido, não sabes se queres saber do que é agora, não sabes se vale a pena. "Tudo vale a pena?". Patranhas! Provem-mo.
O teu corpo divide-se em dois: o exterior e o interior. O exterior está a definhar e o interior pede-te o que já não tens. E agora?
Vem agora, vem buscar-me agora, antes que algo faça o que te quero destinar a ti.

Carolina
blog? São ensaios cegos, lúcidos, físicos & metafísicos. É uma mente deteriorada e uma mão cansada. Ou incansável. Relógios parados. E sangue? (...) Mas sobretudo perda de tempo. E possivelmente mais qualquer coisa. Não sei. Incerteza também.

yeah, thanks

© 2010, Luna