Adormece-se tarde ou cedo, dependendo dos pontos de vista, sobre uma fronha de almofada que não é mudada faz mais de um mês. Um mar de cabelos oleosos e emaranhados ondula algures por aí, e entra-nos nos olhos, e entra-nos na boca, e entra-nos em todos os lugares. É incomodativo, é verdade, mas o esforço que tem que se fazer para erguer uma mão e enxotar os cabelos para outro lado é tão grande que se prefere permanecer assim. E depois sonha-se. Sonha-se com o que se viu, com o que se sentiu e com o que se ouviu. Mistura-se tudo e o resultado é uma bela obra prima. Com cheiro a sangue, e a esperma, e a suor, e a saliva. E, quem sabe, com cheiro a tabaco & a vida.
Carolina