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pequeno parêntesis XVIII

digamos que pequenos parêntesis me começam a chatear porque as coisas começam a tomar proporções demasiado grandes para tão pouco espaço. e eis que me farto da ausência de vida e da ausência de tudo. eis que o metafísico é isso mesmo e deixa de me fascinar, os relógios perdem a utilidade e o tabaco é a falta de controlo. eis que isto já não me enche a mente. agora pesa-me nos ombros. e quando julgo que não posso descer mais, há um novo alguém que me ajuda a escavar mais um metro. ou dois. entretanto percebo que o meu vazio não é um vazio. nem um meio vazio sequer. é um cheio. um bem cheio. um cheio a precisar de esvaziar. para onde?, pergunto eu. não pergunto nada, perguntas pesam muito. mas não me impressiona, nada me impressiona. enoja-me. agora muito, amanhã mais. e depois. e depois. e depois. também já devia saber que pessoas são como palavras, voam com o vento. lamento. lamento que seja assim. lamento que se destruam coisas durante a noite, enquanto dormimos. lamento não gostar disto. lamento ter olhos. lamento ter sono. e eu nunca lamentei nada, posso lamentar agora. lamento-nos. lamento a tua destruição nossa ou a minha destruição tua. mas lamento com um prazer estranho. misturado com nojo. com ironia. com sarcasmo. com todas as coisas que odiamos. com todas as coisas a que temos repulsa. se calhar não lamento. se calhar é a palavra errada. não interessa. nojo é a palavra certa. para tudo. cabe tudo dentro dela. tudo.
blog? São ensaios cegos, lúcidos, físicos & metafísicos. É uma mente deteriorada e uma mão cansada. Ou incansável. Relógios parados. E sangue? (...) Mas sobretudo perda de tempo. E possivelmente mais qualquer coisa. Não sei. Incerteza também.

yeah, thanks

© 2010, Luna